terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Manual de Ação Policial contra a Intolerância Religiosa!


Polícia Civil do Rio lança cartilha de postura contra preconceito e intolerância religiosa ;o objetivo é ser padrão para todo Brasil

Os casos de intolerância religiosa, a partir do próximo mês, estarão previstos e enquadrados num manual elaborado pelo coordenador do Instituto da Secretaria de Segurança Pública, Coronel Jorge da Silva, professor e representante da UERJ e será distribuído aos delegados e inspetores de todas as delegacias, para conscientização e sensibilização dos policiais, no enquadramento dos casos específicos sobre o assunto.

A iniciativa é mais uma ação da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro que vem atuando ativamente na questão da garantia da manutenção da liberdade religiosa.

O Manual de Ação Policial contra a Discriminação Racial, Étnica, Religiosa, de Origem ou Procedência Nacional objetiva prever casos exemplificados, com a legislação específica a ser aplicada, para enquadramento pelo policial.compromisso assumido"Vamos assumir agora um compromisso, vamos fazer de tudo para mudar a situação de intolerância na qual nos encontramos", alerta o Coronel Silva.workshop com delegados, inspetores, religiosos e sociedade civilO Workshop foi realizado pela manhã nesta terça-feira, (2/12/2008), na Acadepol, e dirigido pelo delegado Henrique Pessoa, chefe da Coordenadoria de Informação e Inteligência da Polícia Civil (Cinpol).

Com a presença na mesa de debates do delegado Carlos Antonio de Oliveira, responsável pela Delegacia de Repressão de Armas Explosivas, do Coronel Jorge da Silva, ex-secretário de estado dos Direitos Humanos e atual coordenador de Pesquisa de Ordem Pública e Segurança Pública do Instituto da S.S.P e representante do reitor da UERJ, como também do interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, o babalawô Ivanir dos Santos.

O evento teve a participação de cerca de 180 pessoas entre religiosos, delegados, inspetores e representantes da sociedade civil."Pela primeira vez, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro assume a liderança neste processo de conscientização e sensibilização do seu efetivo, contra discriminação e intolerância. Esta iniciativa deveria ser seguida pelas polícias dos demais estados, pois este problema também é nacional", desabafa o babalawô Ivanir dos Santos.

Racismo e intolerância na realidade diária - Para o delegado Antonio Carlos de Oliveira, que afirmou que racismo e intolerância religiosa fazem parte do seu contexto profissional há 23 anos, pois ele mesmo já foi vítima destes atos por ser afro-descendente e candomblecista. "A intolerância religiosa faz parte de todo um aparato repressivo. Costumo chamar a intolerância religiosa como intolerância correlata, montada há séculos, visando depreciar e olvidar as origens e culturas do negro", sentencia. E aproveitou para dar um breve histórico do processo de punição da estrutura jurídica penal em relação ao negro e à sua cultura.

Afirmação do estado laico para aplicação da lei - Henrique Pessoa destacou a necessidade do policial, no pleno exercício da sua função representar o estado como país laico. "Ele não pode colocar a sua convicção acima do que a Lei determina. A Polícia Civil deverá ser o padrão, o modelo para o Brasil na abordagem da questão da intolerância religiosa", conclui.

Mais informações

Comissão de Combate à Intolerância ReligiosaTel: 21-2273-3974 / 21-9795-8867

A Rede se despede do compaheiro de luta Sérgio de Abreu

A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde se despede do nosso companheiro de luta e amigo Sérgio de Abreu Santos que deixou o Ayê e foi para o Orum encontrar seus e nossos ancestres.


Sérgio que era associado do GVTR, era membro da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e dirigia maestrinamente a OBRAF - Organização Brasileira de Apoio Filantrópico e o Instituto Vida Nova, do qual sou Conselheiro. Era ainda membro da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com Aids e um dos maiores questionadores da dinâmica instaurada na resposta brasileira á epidemia de aids. Com esse todo este curriculu, resta dizer que perdemos todos, parceiros, companheiros de trabalho amigos pessoais. Perdeu Suzano, perdeu São Paulo e perdeu o Brasil.

Seria ele o relator do IV Seminário Paulista da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde em Piracicaba e só não foi porque optou por escrever na quinta, sua carta de despedida, ecusando-se a pegar a estrada, para assim atender as recomendações médicas. Ontem, uma parada respitória roubou-nos o nosso amigo.

Sérgio para além de relator dos principais eventos do país, foi um grande apoiador á processos e pessoas. Carregou o GVTR nas costas durante muito tempo, muitas vezes financiando a partir da OBRAF, os processos de capacitação de lideranças religiosas para prevenção de hiv/aids e congêneres. Deixou David, seu braço direito para coordenar a caminhada que nos levará a vivenciar, ao menos parte de seus sonhos.

Era de Oxalufã, orixá ligado á criação do mundo, pai da maioria dos deuses africanos cultuados no Brasil. Estar afastado do Terreiro, em média de dez anos, não foi critério portanto, para que seu sepultamento fosse coroado com uma linda tempestade, que alterou toda a rotina da cidade, mas não nos impediu de chegar para fazer parte de seus rituais fúnebres. Não bastasse isso, o sol que se abriu depois da singela cerimônia fúnebre, foi a certeza e que ele seguiu seu caminho, para o encontro com seus ancestrais.

Obrigado Iyá Cristina, Obrigado Ogã Valter por me acompanharem em mais este momento de nossas vidas!

Fico triste por perder um dos meus melhores amigos, mas fico feliz por ver o Terreiro manifestar sua solidariedade em um momento tão sublime.

Babalorixá Celso Ricardo de OxaguiánRede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde - Estado de SP